Capítulo 6 — “A Primeira Onda” Está Chegando”

“Gamerica First!”

O presidente Ronald Howard, líder da poderosa República de Gamerica, a nação com a maior força militar e econômica do mundo, havia sido eleito sob o lema “Gamerica em primeiro lugar”.
Sua política externa era sempre de linha dura, e muitos o consideravam um “tirano” que impunha sua vontade a todo custo.
Mas, na verdade, não era um homem irracional — sabia quando falar e também quando ouvir.

— Então, quem foi o idiota que ousou atacar nossos amados Estados Unidos de Gamerica? — perguntou o presidente.

Os presentes trocaram olhares desconcertados. Quem respondeu, com uma leve tosse para quebrar o silêncio, foi o chefe do Departamento de Defesa.

— Senhor presidente, tecnicamente não fomos atacados. O que aconteceu foi o surgimento de duas cavernas misteriosas, nas quais o fluxo do tempo corre de forma diferente. Nenhum inimigo saiu delas, e ninguém foi ferido.

— Diferente, quanto exatamente? — perguntou Howard, franzindo o cenho.

— Após várias medições, estimamos uma diferença de aproximadamente 140 a 150 vezes. As escadas de acesso parecem acelerar o tempo gradualmente, então ainda não temos uma medição precisa — respondeu o vice-presidente.

Howard cruzou os braços e deu sua ordem:

— Um fenômeno tão absurdo não pode ter acontecido sem motivo. Investigação total.
E quanto ao público, é melhor não divulgar nada por enquanto. Entrem em contato com outros países e descubram o que são essas cavernas.

Apesar de dizer que “não deveria vazar”, todos sabiam que ele acabaria soltando algo em seu próprio perfil nas redes sociais.
A equipe apenas acatou as ordens, ciente de que era questão de tempo até o assunto se espalhar.


Em Tóquio

No bairro Nagatachō, Chiyoda, local da Residência Oficial do Primeiro-Ministro Japonês, o 98º Primeiro-Ministro, Seiichirō Urabe, observava com expressão tensa uma foto entregue a ele.
Os ministros, reunidos em caráter emergencial, inclinavam a cabeça sem entender.
O Ministro das Finanças, conhecido por gostar de mangás, murmurou:

— Um cachorro bípede… parece um kobold de mangá. Será que as light novels estão virando realidade?

Poucos, com mais de sessenta anos de idade, entenderam a referência. O Chefe de Gabinete pigarreou e continuou o relatório:

— A caverna apareceu no estacionamento subterrâneo de Umeda, Osaka.
Há uma semana, dois policiais entraram para investigar e foram atacados por criaturas como as da foto.
Um morreu, o outro ficou gravemente ferido.

O ferido relatou algo estranho: quando tentou sacar a arma, ela se transformou em um cartão.
Na hora, acharam que ele estava delirando, mas de fato, a arma desapareceu.

— A tropa de choque entrou dois dias atrás, mas o mesmo fenômeno aconteceu. Armas e cassetetes viraram cartões. Felizmente, sem mortos, mas com vários feridos — completou o ministro.

— Isso pode ser terrorismo? — perguntou Urabe.

O Ministro da Segurança respondeu:

— Até o momento, nenhum movimento religioso ou extremista foi detectado. E mesmo que fosse um ataque, algo dessa escala… não faz sentido.

Foi então que o Ministro da Defesa interveio:

— Cavernas semelhantes foram encontradas no exterior também.

A tensão na sala aumentou. Nos últimos dias, vídeos intitulados “Uma masmorra apareceu!” estavam pipocando nas redes, mostrando casos fora do Japão.
Se fosse algo global, não podia ser obra de terroristas.
Talvez fosse um “desastre desconhecido”.

— O comando das forças americanas no Japão entrou em contato, perguntando se algo assim também havia aparecido aqui.
Fontes em Washington confirmaram ocorrências em Nova York e Chicago — disse o ministro.

— O Ministério das Relações Exteriores tem alguma informação? — perguntou Urabe.

— Nenhuma por enquanto… mas entraremos em contato com os países da ASEAN — respondeu o ministro.

Urabe assentiu:

— Se for terrorismo, ainda temos como reagir.
Mas, se for algo além da compreensão humana… um desastre natural desconhecido… o caos será inevitável.

— Nesse caso — comentou o ministro fã de light novels — talvez eu devesse reler aquelas “novelas de internet”. Acho que já vi uma história parecida por lá…

Mal sabia ele que, uma semana depois, isso deixaria de ser piada.


Uma Semana Depois

— Finalmente começou… o mundo está em pânico.

Mostrei para Akane um vídeo que havia baixado no tablet.
A ONU acabara de anunciar oficialmente o surgimento das masmorras.
Cada país seria responsável por administrar as suas, e deveria compartilhar informações com as outras nações.

Alguns países populosos já tinham mais de dez masmorras, e até estavam chantageando financeiramente outros governos que não possuíam nenhuma.

— Alguns já estão pedindo para liberar as masmorras para o público… — murmurei. — Mesmo sabendo que não dá pra levar armas lá dentro. Que tipo de idiota quer entrar assim?

— Mas o senhor também entra nelas, Kazuhiko-sama — respondeu Akane, com um sorriso.

— Eu sou diferente. Eu entendo o que há lá dentro — e tenho você, uma aliada poderosa.
Esses curiosos vão entrar desarmados e achar que podem lutar com um orc no soco?

— Tolos assim merecem morrer. Não servem ao senhor. O senhor precisa de gente fria, racional e estratégica, não?

— Exato. A masmorra pode ser inexplicável pela ciência, mas chamá-la de “fantasia” é preguiça mental.
Uma TV elétrica ou um carro a gasolina seriam “magia” para pessoas da Idade Média.
Ignorar o que não se entende é uma forma de estupidez que não mudou em 500 anos.

Akane pousou o tablet na mesa e se recostou em mim.
Seus dedos deslizaram sobre um cartão de visitas sobre a mesa.

— Jamais imaginei que o senhor criaria uma empresa como essa…

No cartão estava escrito:
“Dungeon Busters Inc.”


Nas últimas semanas, entre incursões nas masmorras e treinos para subir de rank, preparei a fundação dessa empresa — uma companhia especializada em exploração de masmorras.
Registrei o nome, o domínio, as marcas e até as contas de e-mail e redes sociais.
Inclusive pedi registro internacional de marca, pensando no futuro global.

— Pedi para um ilustrador criar o logotipo — expliquei.

Um goblin estilizado dentro de um círculo vermelho com um “X”, como uma placa de “proibido parar”.
Simples, mas com personalidade.

— Vai recrutar membros? — perguntou Akane.

— Ainda não. Quero observar como os países vão lidar com as masmorras.
Por ora, foco em subir de rank. Depois que alcancei o D, apareceu um slot de habilidade com “???”.
Provavelmente será desbloqueado no rank C, e eu preciso dessa habilidade.

Akane concordou:

— Rank C já é um nível sobre-humano. Vai levar tempo…


Status

Nome: Ezoe Kazuhiko  

Título: Primeiro Contatante  

Rank: D  

Cartas: 1 / ∞  

Habilidades:  

  - Card Gacha (0)  

  - Magia de Cura  

  - Atração  

  - ------

  - ------

  - ------


Há uma semana, finalmente alcancei o Rank D.
Meu corpo já é outro.
Não sou musculoso como um fisiculturista — é mais um físico atlético e definido, como o de um nadador.

Minha força de preensão é tão alta que não dá mais pra medir com aparelhos comuns.


Status de Akane

Nome: Akane  

Título: A Sedutora Kunoichi  

Rank: C  

Raridade: Legend Rare  

Habilidades:  

  - Técnicas com Kunai Lv5  

  - Detecção Lv4  

  - Técnicas de Sedução Lv4


Akane também subiu de nível.
Talvez já possa alcançar o Terceiro Andar, mas prefiro priorizar segurança.

— Por enquanto, continuaremos treinando no segundo andar.
Vou lutar com pesos de pulso, tornozeleira e colete.
Quero elevar força, resistência e velocidade ao máximo.

— Como desejar, Kazuhiko-sama… mas antes disso… — disse ela, olhando-me com os olhos úmidos.

Eu entendi.
A abracei e a levei até a cama.


Treino e Estratégia

Daraaah!

Com um golpe de tacape, explodi a cabeça de um orc.
Agora, derrotá-los estava muito mais fácil.
As cartas caíam com mais frequência também — cerca de 5% para goblins e 3% para orcs.

Com o acessório “Drop Up Band”, aumentei ainda mais essa taxa.

— O interessante é que os “fatores de fortalecimento” não aumentam o tamanho dos músculos, mas alteram a estrutura deles.
Talvez a masmorra seja, na verdade, um sistema de evolução humana… — refleti.

Akane sorriu:

— Seu corpo é… deslumbrante, senhor.
Imagino o quanto deve atrair mulheres lá fora.

— Talvez, mas agora só me interesso por você e pelas masmorras — respondi.

Um orc atacou.
Desviei e esmaguei o crânio dele com o tacape.
Mas a arma quebrou logo depois.

— Vai voltar pra pegar outra arma? — perguntou Akane.

— Não. Hora de lutar com as próprias mãos.

Coloquei luvas de ferro (soco-inglês) e fita adesiva nos dedos.
Como o sistema já reconhecia esses itens como defesa, eles não se transformaram em cartas.

— Vamos ver o quanto um soco humano pode afetar um orc.

O sangue ferveu. A adrenalina tomou conta.


Recompensas

Após acumular 100 cartas de goblin e 100 de orc, decidi usar as primeiras no Item Gacha e as segundas no Weapon Gacha.

A sorte sorriu.

Entre espadas, martelos e lanças de raridade Common e Uncommon, surgiram duas cartas raras:

  • Nintō (Espada Ninja)Rare

    • Forjada com aço tamahagane, afiada e leve.

    • Possui efeito de “aceleração”.

  • Pá de Aço MaciçoRare

    • Feita inteiramente de aço, serve tanto para defesa quanto para ataque.

    • Possui o efeito de “aumento de força”.

— Duas cartas Rare! Nada mal.
A espada é perfeita pra você, Akane.
A pá… vai ser a minha nova arma.

Akane riu, mas alertou:

— Já não acha que caçar goblins é perda de tempo?

— Ainda preciso das cartas deles.
Itens nunca são demais.

Atrás de mim, um grande armário de exposição estava repleto de cartas organizadas por tipo.
Cada uma com etiqueta e número de cópias.
Tudo também registrado em planilhas no computador.

Exceto as “cartas de loção” — Akane sempre as usava imediatamente.

— Em média, caço 100 goblins por hora e 100 orcs em três horas.
Faço quatro ciclos por dia, descansando entre eles.
São ¥600.000 por ciclo, ou cerca de ¥3,6 milhões por semana.
Num mês, dá ¥10 milhões — antes dos impostos, claro.

— E a Segunda Onda está prevista para daqui a duas semanas.
Quando novas masmorras surgirem, os governos não conseguirão mais conter a população.

— Sim… e o preço dos alimentos vai disparar — concordei.

— Talvez seja hora de explorar o Terceiro Andar.
Os monstros lá devem ser Rank D ou C, mas os ganhos serão bem maiores.

Preparados, erguemos nossas novas armas.
A verdadeira batalha estava prestes a começar.



 Continua no próximo capítulo... 


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